O primeiro número oficial de vítimas divulgado pela polícia nacional falava em pelo menos 40 mortos e 39 desaparecidos, e 244 pessoas feridas. Mas começaram a subir rapidamente para prováveis mais de 1.000 mortos segundo a agência de notícias Kyodo.
A agência de notícias Jiji relatou que 200 a 300 corpos foram descobertos numa praia de Sendai, na prefeitura de Miyagi, nordeste. No total, 402 corpos já foram encontrados em diferentes localidades do norte e do leste do Japão. Os números deverão ser actualizados à medida que as autoridades japonesas se inteirarem da dimensão da tragédia.
Além dos 402 mortos, há 673 desaparecidos e 991 feridos, informou a polícia às 06H45 locais deste sábado, acrescentando que há dificuldades para se realizar uma avaliação precisa devido ao grande número de áreas atingidas.
A imprensa japonesa teme um grande número de mortos na ilha de Honshu, na costa nordeste do país, onde ondas monstruosas destruíram mais de 3.000 casas.
Onda de 10m arrasou a cidade de Sendai
No Japão, ondas de dez metros de altura arrasaram o litoral de Sendai. Vagas de sete metros atingiram a vizinha Fukushima, segundo a imprensa local, onde se encontra uma central nuclear.
Um novo terramoto de 6,6 graus de magnitude atingiu por volta das 04h00 locais de sábado a região montanhosa de Niigata, no noroeste do Japão, anunciou a emissora de rádio e televisão NHK. A agência de notícias Kyodo informou, por sua vez, que não havia um novo alerta de tsunami.
Também em Sendai, um navio com cerca de cem pessoas a bordo foi levado pelas águas, ignorando-se o destino dos seus ocupantes. Desapareceram igualmente dois comboios, um deles de passageiros, engolidos pelas ondas, com um número desconhecido de pessoas a bordo.
Em Tóquio, a cerca de 380 km do epicentro, os arranha-céus, construídos sobre estruturas anti-sísmicas especiais, balançaram durante longos minutos. Dezenas de incêndios foram observados na capital, onde há muitos feridos. Quatro milhões de lares estavam sem electricidade. Também na região de Tóquio, uma refinaria de petróleo ardia.
O aeroporto internacional de Narita, cerca de 50 quilómetros a leste de Tóquio, suspendeu o tráfego por várias horas, anunciando, à noite, que as operações recomeçavam progressivamente.
Os transportes ferroviários e rodoviários foram interrompidos em grande parte do arquipélago, em particular em Tóquio e arredores, bloqueando milhões de pessoas que tomaram de assalto os hotéis da cidade, ou que tentaram chegar a casa a pé.
A onda chegou às ilhas do Pacífico e aos EUA
Após o sismo, a maior parte dos Estados do Pacífico, da Oceania à América Latina, emitiram alertas de tsunami, mas nenhum dano significativo foi observado até ao momento fora do arquipélago nipónico.
As zonas litorais foram evacuadas nas ilhas Marianas, assim como nas de Guam e no Havai. A Colômbia constatou uma subida de 50 centímetros no nível do mar. No Equador, onde foi decretado estado de emergência, foi ordenada a evacuação das regiões ameaçadas.
As autoridades da Califórnia também ordenaram nesta sexta-feira a retirada de centenas de pessoas das zonas baixas. A costa oeste americana sentiu os efeitos das ondas 12 horas depois da ocorrência do sismono Japão, informou Tina Walker, porta-voz da Agência Pública de Gestão de Situações de Emergência.
Os grandes sismos do Japão
O Japão, situado na confluência de quatro placas tectónicas, sofre anualmente cerca de 20% dos tremores mais fortes registados na Terra. Em 1923, a cidade de Tóquio foi devastada por um sismo intenso, que fez 140 000 mortes. Mais recentemente, em 1995, o sismo de Kobe (oeste) fez mais de 6400 mortos.
SAPO/AFP