Nas duas anteriores operações de busca, que como esta está a ser realizada por militares, foram resgatados à lama e aos escombros 438 corpos. O grande receio é que a maioria dos desaparecidos tenham sido arrastada para o mar alto e que nunca sejam recuperados.
Dados revelados hoje indicam que a onda do maremoto atingiu mais de 300 metros de altura.
Na cidade de Shichigahamamachi, o jornalista da AP viu uma fileira de soldados a avançar devagarinho perante as toneladas de escombros e lama. Munidos de varas finas, tacteiam o terreno à procura de restos mortais. Ao lado, outro grupo de soldados tinha a missão de recolher o lixo.
A polícia, a guarda costeira e soldados americanos estão também a participar na operação que, segundo a rádio japonesa NHK, cobre toda a linha costeira das perfeituras de Iwate, Miyagi e Fukushima, assim como uma vasta área de mar.
Neste momento, o número de mortos é de 14,340.
As autoridades ordenaram a evacuação de cinco áreas situados a até 40 km da central nuclear de Fukushima, danificada e a emitir elevados níveis de radiação. O primeiro-ministro, Naoto Kan, revelou hoje que a população que se retirou de um raio de 20 km poderá ter acesso às suas residências por um período de até cinco horas para procurar e recolher os seus bens. Estas visitas controladas serão realizadas a partir do início de Maio - 26 mil japoneses ou ficaram sem habitação devido ao sismo e maremoto, ou tiveram que as abandonar devido às radiações.
O primeiro-ministro defendeu também a sua resposta à crise nuclear e disse que não houve "erro" na gestão da situação por parte do Governo.
Crise política
Esta é a principal crítica da oposição, a par da forma lenta como o Executivo reagiu ao desastre natural de 11 de Março. Os índices de popularidade de Naoto Kan estão muito baixos e o seu Partido Democrático acaba de perder um lugar no parlamento em sequência da derrota numas eleições locais.
Porém, dificilmente se assistirá a uma demissão e à marcação de eleições antecipadas, diziam ontem os analistas, reconhecendo que o isolamento do primeiro-ministro é grande num momento em que necessitaria de um parlamento unido. Os prejuízos de 11 de Março são de 300 mil milões de dólares e não será fácil a Naoto Kan encontrar financiamento num momento em que a dívida pública japonesa é de cinco triliões de dólares.