Os níveis de radioactividade em redor da central nuclear japonesa de Fukushima foram considerados esta quarta-feira "possivelmente letais" para as equipas de emergência a trabalhar no local, de acordo com a Autoridade norte-americana de Regulação Nuclear(NRC).
"Acreditamos que os níveis de radioactividade são elevados em torno dos reactores", disse Gregory Jaczko, presidente da NRC.
"Será muito difícil para as equipas de emergência chegar até aos reactores. As doses de radioactividade com que poderão vir a ter contacto são letais num período muito curto de tempo", sublinhou.
Jaczko destacou que a NRC dispõe de muito pouca informação sobre o que se passa no Japão e não quis especular muito sobre o assunto da radioactividade defendendo-se "a informação que dispomos é muito limitada", reconheceu.
Situação não está "fora de controlo"
Entretanto, a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) confirmou hoje que os núcleos dos reatores 1, 2 e 3 da central nuclear japonesa de Fukushima estão danificados, mas assegurou não se poder dizer que a situação esteja "fora de controlo".
Em paralelo, um avião não-tripulado norte-americano vai sobrevoar a central nuclear para observar o estado dos reatores, revelou a agência nipónica Kyodo.
As fotografias poderão fornecer informações essenciais para esclarecer a situação no interior dos edifícios que abrigam os reatores.
O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, reconheceu hoje que "a situação evoluiu e está muito séria", apesar de todos os esforços que continuam a ser efetuados "para restaurar a segurança dos reatores".
Amano indicou que os núcleos estão "entre um a dois metros" a descoberto e admitiu que não é conhecida "a situação exata no interior dos reatores".
No entanto, o diretor da AIEA revelou que a pressão no interior permanece ao nível atmosférico, um dado "que sugere permanecerem em grande parte intactos". Amano insistiu ainda que o governo e os responsáveis pela central continuam a efetuar todos os esforços para estabilizar os reatores.
Bruxelas critica gestão da situação em Fukushima
O comissário europeu da Energia criticou hoje a reação dos japoneses à "verdadeira catástrofe" da central nuclear de Fukushima e considerou que o destino do país está "nas mãos de Deus".
A forma como a crise está a ser gerida e os meios "com que os japoneses estão a trabalhar" levam a rever a "boa opinião que tinha da competência dos engenheiros, da técnica, da indústria e da perfeição e precisão dos japoneses", afirmou Gnther Oettinger.
"Os japoneses trabalham com bombas de incêndio, tentam lançar água a partir de hidroaviões, não sabem o que fazer", afirmou perante uma comissão do Parlamento Europeu, "é uma verdadeira catástrofe e reage-se aos solavancos", acrescentou.
O mesmo responsável indicou que há "divergências" entre a companhia de eletricidade japonesa Tokyo Electric Power (Tepco), que gere a central, e o governo nipónico sobre a resposta a dar à crise.
O comissário, que na terça-feira falou de "apocalipse" ao referir-se à situação na central de Fukushima, danificada na sequência do sismo e do tsunami que atingiram o país na passada sexta-feira, mostrou-se uma vez mais pessimista ao afirmar que agora "a situação está nas mãos de Deus".
"Podemos dizer que a instalação não está controlada", afirmou Oettinger, prevendo que a evolução será catastrófica e que há risco para a vida das pessoas na ilha.
A situação continua hoje crítica na central de Fukushima, onde as autoridades japonesas continuam a tentar impedir uma catástrofe nuclear maior.
Com Lusa